segunda-feira, 21 de abril de 2008

A FARSA DO HERÓI TIRADENTES - Parte II

Segundo Faraco (1990), "Tiradentes foi um homem que teve uma dúzia de profissões e não persistiu em nenhuma, exceto na de arrancar dentes". Desiludido, buscou então a revulução, onde a abraçou obstinadamente. Com o fracasso dessa, tornou-se obsessivo, insensato e indiscreto. O desembargador e poeta Antonio Gonzaga, por exemplo, não o recebia, temendo a nocividade do seu fanatismo. Após a desistência da conjuração, o tenente-coronel Freire de Andrade orientou-o para que se calasse, mas "[...] ele continuava falando e, pior, falando sozinho. A reação das pessoas era de indiferença, não lhe dando ouvidos, ou reprovando a sua incontinência verbal. [...] seus passos e suas palavras são, portanto, os passos e as palavras de um tresloucado". (Faraco, 1990).


A natureza de sua morte, porém, por si só não serve para justificar o seu heroísmo, pois outros personagens da nossa história colonial tiveram também destinos trágicos: Zumbi, Manoel Beckman, Felipe dos Santos e os líderes populares da Conspiração dos Búzios na Bahia do final do século XVIII. Esses últimos, todos mulatos, foram igualmente enforcados, esquartejados e seus restos pendurados nos postes da cidade. A historiografia positivista, no entanto, só da destaque a Tiradentes. Afinal a sua conjuração foi um movimento da elite mineira. E para mais uma vez citar Bertolt Breccht, "infeliz do povo que precisa de heróis".


(Continua...)

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